Ontem eu fui abordado por uma pessoa no sinal. Um jovem, negro, vestindo calças jeans e uma camisa de malha azul que estendeu a mão para dentro do carro para me comprimentar enquanto falava:
- Bom dia, meu nome é "fulano" (não me lembro), tudo bem com o senhor?
E eu, apertando sua mão, respondi:
- Tudo bem. E você?
- Tudo bem, graças a Deus. Bom, senhor, eu tenho AIDS e espero que o senhor não tenha nenhum tipo de preconceito. - e me mostrou um crachá onde só consegui ler "Prefeitura de Vitória" e ver uma daquelas fitinhas vermelhas de campanhas de combate à AIDS. Ele continuou:
A Prefeitura está nos cerdenciando a pedir ajuda nas ruas, e este crachá é provisório. O motivo é que não existem remédios para o tratamento da AIDS nas farmácias públicas e por isso eu gostaria de contar com a sua ajuda, dentro do possível.
Eu estava realmente sem dinheiro, peguei tudo que tinha (uma nota de R$ 1,00) e dei a ele.
Até agora não sei dizer qual foi minha reação. Por um lado, me percebi uma pessoa sem preconceito. Eu não senti absolutamente nada diferente por ter apertado a mão dele, e acho que isso nunca havia acontecido comigo - não que eu tivesse consciência. Por outro lado, o fato de ter ficado impressionado (mesmo que positivamente) com a abrodagem me deixou uma dúvida - será que isso não é, no fundo, um preconceito?
Eu precisava falar sobre isso... Falei, pronto.
quinta-feira, outubro 11, 2001
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